categoria : Resistência
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quinta-feira, 28 de setembro de 2017 - 18h

Saúde mental em tempos de neoliberalismo racista e patriarcal

Organizado por RUA - Juventude Anticapitalista

O RUA - Juventude Anticapitalista convida a todas e todos para a quinta edição da ContraEscola Anticapitalista da USP: "Saúde Mental em tempos de neoliberalismo racista e patriarcal"!

Atualmente no mundo, 10% da população sofre com algum problema de saúde mental e o suicídio se configura a segunda maior causa de morte. Entre os brasileiros, 5,8% sofrem com depressão, nos colocando o pior índice da américa latina. Temos também 9,3% das pessoas diagnosticadas com ansiedade, a maior incidência no mundo. Enquanto esse tipo de sofrimento aumenta, sobem também as vendas dos remédios. Em 2016 a venda de antidepressivos e estabilizadores de humor subiu em 18,2% no Brasil. Por outro lado, entre 75% e 85% das pessoas que sofrem desses males não têm acesso a tratamento adequado. Existe, como média global, menos de agente de saúde mental para cada 10 mil pessoas - um número que cai ainda mais em países de renda baixa e média para menos de agente por 100 mil pessoas.

Para além dos dados, muitos de nós podemos dizer como nossa saúde e sofrimento psíquicos são um tema cada vez mais latente, apesar de muito pouco debatido e tratado com seriedade. Para nós, a saúde mental não pode ser encarada como um problema somente individual: vivemos em sociedade, e é em sociedade que adoecemos. O capitalismo neoliberal é parte essencial disso, com sua imposição de extensas jornadas de trabalho sem qualidade (ou de desemprego); da solidão, do individualismo e do cada um por si; das constantes exigências, cobranças e padrões inalcançáveis; do lucro que vale mais do que o cuidado real com a vida; do ciclo de violências sem fim. Os tratamentos que esse sistema oferece não levam em conta nossa humanidade, e sim a necessidade de nos manter trabalhando e gerando lucros. E essa situação atinge de forma diferenciada os sujeitos trabalhadores, pobres e periféricos, e também a negritude, as mulheres e as LGBTs - que têm ainda mais cerceada a possibilidade de viver uma vida digna.

Levando em conta isso, queremos nessa atividade debater essas questões e refletir: Existe relação entre o sofrimento mental e a sociedade em que vivemos? Que tipo de cuidado que o capitalismo oferece aqueles que padecem de algum adoecimento psíquico, seja ele qual for? Como nossa condição de estudante afeta nossa saúde mental e como lidamos com ela? E como as demais diferenças sociais fazem isso? Como podemos pensar uma saída coletiva e anticapitalista para esses problemas?

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_QUANDO? Quinta feira, 28 de setembro
_QUE HORAS? 18h
_ONDE? FFLCH USP

Convidados:
_Elisa Zaneratto, professora de Psicologia da PUC SP (a confirmar)
_Jupiara, representante da FASUBRA Sindical no Conselho Nacional de Saúde e membra do Núcleo de Consciência Negra da USP (a confirmar)
_Tássia, militante do RUA - Juventude Anticapitalista, mestranda em Psicologia Social e ex membra do Centro Acadêmico de Psicologia da PUC SP
_ Mariana Ribeiro, militante do RUA - Juventude Anticapitalista, estudante e membra do Centro Acadêmico de Psicologia da USP
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*A ContraEscola Anticapitalista é um espaço periódico e aberto organizado pelo coletivo RUA para nos debruçarmos, refletirmos e debatermos coletivamente temas importantes para a juventude anticapitalista. A ideia de "ContraEscola" parte da compreensão de que a escola capitalista nos ensina o cada um por si, o lucro como objetivo de vida e a vida como objeto do lucro. O ensino deles nos nivela e uniformiza, eliminando nossas individualidades. Na nossa escola --a ContraEscola do capitalismo--, a gente ensina aprendendo, aprende ensinando, conhece ouvindo e ouve falando. A gente aprende a errar junto e crescer junto, a aprender com o crescimento do outro e crescer com nosso aprendizado. Na nossa escola, a gente ensina e aprende a ser humano. Ela só existe com empatia e solidariedade entre os nossos, a gente aprende a ser coletivo e, coletivamente, a ser. Na nossa escola, o conhecimento liberta, porque potencializa cada um para a transformação da sua realidade e das dos demais. Na ContraEscola Anticapitalista do RUA, vamos ensinar e aprender a construir a resistência em tempos de crise do capitalismo neoliberal, em tempos de Temer, Trump, Alckmin, Dória, Zago, de PECs, MPs e arroucho.

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"O mundo ao avesso nos adestra para ver o próximo como uma ameaça e não como uma promessa, nos reduz à solidão e nos consola com drogas químicas e amigos cibernéticos. Estamos condenados a morrer de fome, a morrer de medo ou a morrer de tédio, isso se uma bala perdida não abreviar nessa cabeça. O mundo ao avesso nos ensina a padecer a realidade ao invés de transformá-la, a esquecer o passado ao invés de escutá-lo e a aceitar o futuro ao invés de imaginá-lo: assim pratica o crime, assim o recomenda. Em sua escola, escola do crime, são obrigatórias as aulas de impotência, amnésia e resignação. Mas está visto que não há desgraça sem graça, nem cara que não tenha sua coroa, nem desalento que não busque seu alento. Nem tampouco há escola que não encontre sua contraescola." (Eduardo Galeano)